- abril 15, 2020
- / by Ely Borges
O isolamento social é o ato de separar um indivíduo ou um grupo do convívio com o restante da sociedade. Esse isolamento pode ser voluntário ou não. Quando há uma força maior, seja imposta pelo governo, seja por uma situação de guerra ou pandemia, ou até mesmo um toque de recolher provocado pela violência urbana, o isolamento é forçado. Quando o próprio indivíduo ou grupo se isola voluntariamente, por questões de saúde mental (em consequência de depressão, por exemplo), por questões pessoais ou por questões religiosas, há um isolamento social voluntário.
Numa tentativa de reduzir a propagação da doença causada pelo novo Corona Vírus, muitos locais para não dizer em quase sua totalide, têm adotado a prática da quarentena. Diferentemente do conceito de isolamento, essa prática se caracteriza pela imposição, por parte das autoridades, de restrições em relação ao funcionamento de comércios e serviços, bem como do resguardo de pessoas saudáveis que tiveram (ou não) contato com outras pessoas infectadas.
A maioria dos estudos indica efeitos psicológicos negativos como sintomas de estresse pós-traumático, sintomas depressivos, tristeza, abuso de substância, estado de confusão emocional e irritabilidade.
Estes sintomas parecem ser mais recorrente especialmente entre profissionais de saúde, observou-se maior probabilidade de ocorrência de exaustão, distanciamento social, ansiedade frente a pacientes febris, irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração, indecisão, prejuízo na performance laboral, relutância ao trabalho ou resignação. Contudo isso não quer dizer que os efeitos da quarenta tenham efeitos psicológicos negativos em toda a população. Poucos estudos relataram pacientes em quarentena com sentimentos positivos como felicidade, alívio e proteção.
Os fatores estressores observados incluem: o próprio estado de quarentena, o qual implica em modificação da rotina e limitação da mobilidade, duração prolongada da quarentena, medo de infecções, frustração, tédio, suprimentos inadequados, informação limitada, perdas financeiras e estigma.
Alguns estudiosos sugerem que os impactos psicológicos prolongados gerados pela quarentena podem durar até três anos após, e que o histórico de transtorno mental consiste em fator de risco para a maior durabilidade dos impactos psicológicos negativos. Por isso é muito importante que aqueles que tenham acesso a um tratamento psicoterapêutico, não deixe para fazer após esse período, pois lá na frente as pessoas precisarão estar emocionalmente saudáveis para enfrentarem as dificuldades deixada pela quarentena e poder usar recurso e habilidades emocionais para se refazerem e se adaptarem ao novo estilo de vida que surgirá no pós quarentena. Conforme já citado o impacto psicológico, dependendo do perfil comportamental de cada indivíduo, pode ter uma duração longa. Imagine uma casa inundada por uma enchente. A sensação é de desespero, angustia e dor, mas é só mesmo quando as águas escoam totalmente é que se pode calcular todos os prejuízos, as perdas e os estragos deixados pela inundação.
Como será sua vida no pós-quarentena? Você está pronto para encara o saldo negativo, as perdas e os dissabores? Pense bem sobre isso e veja se já não é hora de começar a se preparar para momento. Tal como um atleta que se prepara antecipadamente para a disputa ou competição, devemos nos preparar emocionalmente para os obstáculos que teremos que enfrentar.
Dessa forma, faz-se necessário identificar os principais fatores de estresse não apenas durante, mas também após o período de quarentena, a fim de pensarmos em estratégias de atuação que possam reduzir as consequências negativas na saúde mental e no bem-estar das pessoas envolvidas.
Nesse contexto, o estudo realizado por Brooks (2020), em fevereiro deste ano, identificou cinco fatores de estresse principais durante o período de quarentena, sendo eles:
- a duração da quarentena;
- o medo de infecção;
- a frustração e tédio;
- os suprimentos inadequados e
- as informações inadequadas.
Eu acrescentaria também o impacto financeiro e as consequências psicológicas resultantes do mesmo. Como resultado da quarentena e isolamento social, muitos perderam e outros tantos perderão seus empregos, alguns terão seu salários reduzidos e com isso o poder de provisão de cada chefe de família, seja ele o homem ou a mulher, o que é muito natural em nossos dias, sofrerá uma queda, causando um forte estresse.
Diante dessa realidade, nossa preocupação agora é com os efeitos psicológicos e emocionais pós-quarentena. Fique atento, identifique cada emoção e sentimento desconfortáveis durantes esses momentos e cuide para que eles sejam tratados.
Ely Borges – Psicanalista clínico, Hipnólogo clínico, Especialista em Programação Neurolinguistica, Coach e Analista de perfil comportamental.